Calçadas, ciclovias e a mobilidade do cidadão –
concessionárias e faixas de servidão
Novos prefeitos e vereadores podem significa mudanças
positivas ou negativas. No Brasil, diante do hábito de compadrismo na política,
tudo é possível. A esperança, contudo, é a de que os políticos evoluam e
tenhamos equipes escolhidas criteriosamente dentro de critérios técnicos e não
simplesmente de acordo com conveniências partidárias, inevitáveis, mas
extremamente prejudiciais à credibilidade de nossa “democracia” juvenil se
desconectadas da competência e moralidade demonstradas.
Uma ciência holística e fundamental à vida em grandes e médias
cidades é a arte da mobilidade do cidadão de qualquer classe social. De modo
geral percebemos que as prioridades nessa área acontecem de cima para baixo, ou
seja, atendendo interesses dos mais poderosos (a cidade de São Paulo permite o
trânsito de helicópteros em volume surpreendente, dane-se a poluição sonora e o
risco de acidentes) aos mais humildes, quando realmente fazem parte da
preocupação dos eleitos.
Nossos representantes, uma vez eleitos, raramente mantêm
hábitos anteriores de deslocamento. Os automóveis, eventualmente com motoristas
e seguranças, integram-se à vida dessas pessoas que decidirão em nosso nome o
que a cidade precisa, pois não exercitamos para valer a democracia direta,
possível nesses tempos de urna digital (Democracia
Direta sem intermediários) e computadores com
internet.
As Câmaras de Vereadores custam caro, dinheiro que poderia
ser economizado a favor da Educação, por exemplo.
Nossas calçadas são o exemplo técnico da incapacidade dos
prefeitos e vereadores de enxergarem o óbvio (Cascaes, Cidade do Pedestre) .
Nelas temos de tudo, desde redes aéreas de distribuição de
energia e telecomunicações até redes de esgoto e água potável, com a
preocupação de se manter espaços de absorção de águas pluviais e árvores
escolhidas em tempos de antanho. O irônico é que, ao contrário das pistas para
veículos motorizados, a manutenção, a responsabilidade de fazê-las e mantê-las
é do proprietário do imóvel, exceto em casos especiais, como é o da Rua Bispo
Dom José (Batel) em Curitiba (o que teria colocado essa rua como prioridade da
administração municipal passada?).
Resumindo, nossas calçadas, eventualmente ciclovias, são
faixas de servidão.
Em Curitiba encontramos desde linhas de transmissão de 69
mil Volts até diversos cabos das empresas de telefonia e TV a cabo mal
instalados e desfigurando imagens que já foram bonitas.
Infelizmente o poder do Governo Federal é excessivo (poder
concedente) e nossos governantes estaduais e municipais fracos no enfrentamento
que poderia resultar num processo de reurbanização inteligente e saudável,
inclusivo, acessível e estimulante ao uso de bicicletas e do principal, poder
caminhar sem olhar para o chão se exigissem dos respectivos ministérios,
agências reguladoras e secretarias mais competência.
O interessante é que encontramos até no portal da Copel a
proposta detalhada da utilização de redes subterrâneas e seus efeitos sobre a
vida urbana (Guia para Municípios e Empreendedores) e não sentimos
reação inteligente a partir de nossas autoridades, que deveriam mobilizar
energicamente outras concessionárias e promover um convênio para reurbanização
das cidades paranaenses.
Com certeza, se o Governo Federal perceber o que isso
significa de humanização das cidades brasileiras e criação de serviços (dezenas
a centenas de milhares de postos de trabalho), redução de custos diretos e
indiretos com acidentes e inclusão universal do ser humano (facilitando a vida
de idosos, pessoas com deficiência, crianças, trabalhadores em geral etc.)
estará determinando ao BNDES a criação de linhas especiais de crédito e assessorando
quem tiver interesse nessa transformação real do Brasil.
Infelizmente sentimos até a regressão de conceitos de
inclusão que pareciam aceitos. Em Curitiba o famigerado “petit pavê” dá sinais
de sobrevida e em lugares como Blumenau e Balneário de Camboriú a desatenção
com a preservação do que já existia assusta.
O desafio não se limita à manutenção das calçadas como
dissemos, adjudicadas aos proprietários de imóveis. O ato de adjudicar (Adjudicar) é importante, pois
nenhuma lei natural diz que o responsável pelas calçadas deva ser o dono de
algum imóvel. O ideal é transformá-lo em fiscal a tê-lo como gerente de algo
que não entende.
Note-se que o tema piso externo de calçadas vai muito além
de caprichos urbanísticos e artísticos, pois, mal escolhido, mais ainda num
país tropical com chuvas frequentes, pode ser a causa primária de acidentes
que, lamentavelmente, são mal registrados para efeito de análise de custos e
benefícios (Mau estado das calçadas provoca 300 acidentes por dia em SP, 2011) .
Precisamos de ciclovias, mas devemos a todo custo trabalhar
para que não se transformem em mais um risco à incolumidade do pedestre.
Por quê ciclovias?
Com o aumento dos desconfortos em nossas cidades,
transformando-se em desfiladeiros de concreto, precisamos de ruas dedicadas a
pedestres (Imagens de Rue Piétonne) e ciclistas, quando
muito a veículos motorizados dedicados a serviços essenciais. A poluição é grande,
crescente e é um veneno lento, será um fator pesado na vida de nossos
descendentes. No Brasil a verticalização das cidades assusta e ainda não
mostrou o seu lado perverso, formando longos paredões perigosos se a poluição e
o calor na superfície não tiverem uma limitação razoável. Não podemos esquecer
que vivemos num país tropical.
Tudo isso recomenda uma nova política em relação às
concessionárias de serviços de interesse geral. Elas podem e devem se submeter
à necessidades urbanas, onde faturam alto e servem à população de modo
precário, fruto de décadas de improvisação para investimentos rápidos na longa
noite da agiotagem institucionalizada.
Lamentavelmente muitas lideranças políticas e até
profissionais só enxergam “tarifas”. Qualidade e segurança são tão importantes
que, no nosso caso, afugentam usuários em potencial do transporte coletivo
urbano, por exemplo. Ainda não entrou na cabeça dos tecnocratas e políticos que
o trânsito para acesso e retorno dos ônibus faz parte do sistema. Assim temos
em Curitiba uma malha viária de pedestres das piores que já vimos entre cidades
“nobres” e tidas como exemplo de urbanismo.
Em viagem pelo exterior através de países mais desenvolvidos
intelectualmente ficamos até com vergonha de comparar o que encontramos lá com
o que existe no Brasil. A sensação que temos é a de que devemos ir e vir de
automóvel entre parques onde podemos até fazer ginástica, shoppings centers,
templos, hospitais, locais de trabalho, repartições públicas etc.
Com tantos lugares inacessíveis aos pedestres é natural que
as cidades fervam ao calor de milhares de veículos de todo tipo...
Cascaes
23.1.2013
Mau estado das calçadas provoca 300 acidentes por dia
em SP. (25 de 10 de 2011). Fonte: R7
notícias: http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/mau-estado-das-calcadas-provoca-300-acidentes-por-dia-em-sp-20111025.html
Adjudicar.
(s.d.). Acesso em 23 de 1 de 2013, disponível em dicionário online de
português: http://www.dicio.com.br/adjudicar/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Cidade do Pedestre:
http://cidadedopedestre.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Democracia Direta sem
intermediários. Fonte: A favor da Democracia no Brasil:
http://afavordademocracianbrasil.blogspot.com/2011/03/democracia-direta-sem-intermediarios.html
Imagens de Rue Piétonne. (s.d.). Fonte:
https://www.google.com/search?q=rue+pi%C3%A9tonne&hl=pt-BR&tbo=u&tbm=isch&source=univ&sa=X&ei=7vj_UNiKL4zs8gT69YDYDg&ved=0CCwQsAQ&biw=2051&bih=945
Utilização e Aplicação de REDES DE DISTRIBUIÇÃO
SUBTERRÂNEAS. (s.d.). Acesso em 23 de
1 de 2013, disponível em COPEL: http://www.copel.com/hpcopel/redesub/
Nenhum comentário:
Postar um comentário